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Marianne Peretti, única mulher a integrar a equipe de Oscar Niemeyer

Morreu, aos 94 anos, no dia 25 de abril, em Recife, Marianne Peretti, única mulher a integrar a equipe do arquiteto Oscar Niemeyer na criação de painéis e vitrais dos prédios históricos de Brasília. Além dos vitrais da Catedral Metropolitana e do Panteão, ela também criou uma série de painéis para os salões do Congresso Nacional, para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e para o Memorial JK.

Oscar Niemeyer comovia-se com a disciplina obsessiva da artista. “Me emocionava vê-la durante meses debruçada a desenhar os vitrais. Eram centenas de folhas de papel vegetal que, coladas, representavam um gomo da catedral”, dizia ele, sobre os vitrais candangos comparados, pela crítica europeia, às obras da Renascença. Além dos vitrais da Catedral, da Câmara dos Deputados, do Panteão da Pátria, do Superior Tribunal de Justiça e do Memorial JK, Marianne também fez o mural do Museu do Carnaval, no Rio de Janeiro, e esculturas e vitrais no Recife, Belém do Pará e Paris.

Um trabalho épico. Sem as facilidades da computação contemporânea, Marianne usava canetas hidrográficas para fazer os desenhos de módicos trinta por dez metros de largura da torre da Catedral de Brasília. Precisou desenhá-los no piso de um ginásio.

Nascida em Paris, filha de mãe francesa e pai pernambucano, Marie Anne Antoinette Hélène Peretti cresceu e estudou na França. Ela chegou ao Brasil em 1956, aos 29 anos. Em 1959, ganhou um prêmio pelo desenho da capa do livro na 5ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo. Pouco depois, conheceu Oscar Niemeyer, com quem viria a colaborar pelo resto da vida.

Brasileira de coração, Marianne ganhou prestígio artístico, nacional e internacionalmente, por seus vitrais, conhecidos como "vitrais do trópico". A pesquisadora Véronique David, especialista em vitrais do século 20, fez um estudo sobre o trabalho da artista plástica e apontou que ela inovou e rompeu com os paradigmas medievais do vitral.

A relação dos vitrais da artista com a luz é um dos pontos que se destacam em sua carreira, como mostra o livro "Marianne Peretti - A Ousadia da Invenção", idealizado por Tactiana Braga e publicado em 2015.

A artista também possui obras em vários prédios de Oscar Niemeyer em outras partes do Brasil e do mundo, como no Edifício Burgo, em Turim, na Itália; e na Maison de la Culture du Havre, em Le Havre, na França.

Mais do que uma mestra em vitrais, a artista criou, ao longo da carreira, importantes esculturas, trabalhos em design e em desenho puro, tendo conquistado prêmios por ilustrações.

Em 1952, Marianne Peretti realizou a primeira exposição na Place Vendôme, na capital francesa, onde morava na época. A mostra contou com a presença do pintor surrealista espanhol Salvador Dalí na abertura.

Além dos vitrais e painéis, outros "xodós" dela eram as esculturas, os nanquins e desenhos para livros que criou. Em 1959, Marianne participou da 5ª Bienal de São Paulo e ganhou um prêmio no evento com a capa do livro "As palavras", de Jean-Paul Sartre.

Segundo o secretário de Cultura de Recife, Ricardo Mello, “A luz de Marianne atravessa os tempos, como artes em vitrais que são capazes de colorir o ambiente e sabem, sempre, harmonizar-se e ocupar o seu lugar, onde fariam falta, assim como a ausência dela nos fará."


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