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10 mulheres que fizeram HISTÓRIA no brasil.

1. Bertha Lutz (1894-1976) - Botânica, advogada e militante feminista

Bertha Lutz nasceu no Rio de Janeiro e recebeu educação esmerada. Estudou na Sorbonne, na faculdade de Ciências e lá em Paris entrou em contato com as ideias feministas.

Volta ao Brasil, em 1918, e trabalha como tradutora no Instituto Oswaldo Cruz junto ao seu pai, o zoólogo Adolfo Lutz.

Torna-se a segunda mulher a prestar concurso público no Brasil, mas sua inscrição só seria aceita após uma batalha judicial. É aprovada e ingressa como secretária do Museu Nacional, do qual, anos mais tarde, seria diretora.

Bertha Lutz também desenvolveu um notável trabalho como educadora. Funda a Liga pela Emancipação Intelectual da Mulher e participa da Associação Brasileira de Educação que defendia a educação pública, laica e mista, e o ensino secundário para todos.

Ao lado de várias mulheres, consegue que o Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro, aceite o ingresso de meninas.

Em 1928, ingressa na Faculdade de Direito, da Universidade do Brasil para entender o lugar da mulher na legislação brasileira.

Durante a luta pela conquista do voto feminino, participa da campanha para prefeita de Alzira Soriano Teixeira, em Lages (RN).

Em 1935 é eleita para suplente de deputada, cargo que assume em 1936 e termina com o golpe de Estado de 1937. Desta maneira, volta a dedicar-se à ciência, organizando o acervo do pai no Instituto Oswaldo Cruz.

Bertha Lutz dá o nome a várias escolas e ruas por todo país. Em 2001, foi instituído pelo Senado brasileiro, o Diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz. Este prêmio tem como objetivo homenagear anualmente cinco mulheres que tenham se destacado na luta dos direitos femininos no Brasil


2. Chiquinha Gonzaga (1847-1935) - Compositora, pianista e maestrina


Francisca Edwiges Neves Gonzaga, conhecida como Chiquinha Gonzaga, nasceu no Rio de Janeiro e era neta de escravos. Seu pai a casou quando tinha 16 anos, mas ela se revoltou contra o maltrato do marido e o abandonou.

Pianista autodidata, passa a compor obras e chama atenção dos produtores da época. Em 1884, estreia a opereta "A Corte na Roça", sob sua regência e isso a tornou a primeira maestrina brasileira.

Do mesmo modo, se engaja na luta contra a escravidão, os direitos autorais e femininos. Recusa a publicar suas partituras sob pseudônimo masculino e escandalizava a sociedade com sua vida amorosa chocante para os padrões da época.

Chiquinha Gonzaga soube dar um toque brasileiro aos ritmos europeus que se escutavam e dançavam como a valsa, a polca e a mazurca.

Será precursora das marchinhas de carnaval com os temas "Lua Branca" e "Ó, Abre-Alas" até hoje presença obrigatória no repertório carnavalesco.

Deixou mais de duas mil composições e dentre as quais se destacam "O Corta-Jaca", "Atraente", além das já citadas.

O dia do seu nascimento,17 de outubro, foi declarado Dia Nacional da Música Popular Brasileira em 2012.


3. Tarsila do Amaral (1886-1973) - Pintora e desenhista


Tarsila do Amaral nasceu na cidade de Capivari, em São Paulo. De família abastada, proprietária de fazendas de cafés, estudou em Barcelona quando adolescente.

Em 1920, vai para Paris onde frequentou a Academia Julien. Amiga da pintora Anitta Malfatti, as duas correspondiam-se e discutiam sobre os novos rumos que a arte estava tomando no Brasil e no mundo.

Ao voltar para o Brasil, Anita Malfatti a introduz no grupo que reunia os grandes nomes do modernismo do Brasil: Oswald de Andrade, Mario de Andrade e Menotti del Picchia.

Namora Oswald de Andrade e a ele dedica, em 1928, sua tela mais conhecida e obra mais cara de um artista brasileiro: Abaporu. Faz a sua primeira exposição individual no Rio em 1929.

Foi homenageada com retrospectivas na década de 60 no Museu de Arte Moderna, em São Paulo e na Bienal de Veneza.

A pintura de Tarsila absorve as tendências modernistas europeias como o cubismo. Suas obras retratam as mudanças trazidas com a industrialização ao Brasil, as lendas e festas brasileiras como o carnaval.



4. Cristina Ortiz (1950) - Pianista


Nascida na Bahia, Cristina Ortiz foi criança prodígio no piano. Ingressou no Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro e aos 11 anos se apresentou sob regência do maestro Eleazar de Carvalho.

Conseguiu uma bolsa para estudar em Paris, aos 15 anos, onde foi aluna da célebre pianista brasileira Magda Tagliaferro (1893-1986).

Após sua estada na capital francesa foi para os Estados Unidos estudar com Rudolf Serkin (1903-1991). Ali seria a primeira mulher e a primeira brasileira a vencer o Concurso Van Cliburn, em 1969, que é realizado a cada três anos. Somente 30 anos mais tarde outra mulher ganharia este prêmio.

No anos 80 era a única mulher que figurava na série "Os Pianistas" promovida pela Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) no Rio de Janeiro.

Gravou mais de 30 discos como solista ou acompanhada de orquestras. Já deu master class na Julliard School of Music, em Nova York e na Real Academia de Música, em Londres. Atualmente, além de concertista, reúne todos os verões jovens pianistas na sua casa no sul da França para dividir sua experiência musical.


5. Ana Cristina Cesar (1952-1983) - Poeta e tradutora



Ana Cristina Cesar nasceu no Rio de Janeiro e foi uma das poetas mais importantes dos anos 70. Criada num ambiente intelectual, o pai fundou a editora Paz e Terra e a mãe, professora. Aos seis anos ditou seu primeiro poema e aos dez organizou sua memória poética.

Fez um intercâmbio na Inglaterra que marcaria seu encontro com a poesia de língua inglesa. Cursaria letras na PUC/RJ, num momento em que esta universidade fervilhava politicamente com o fim da ditadura militar.

A poesia de Ana Cristina se insere no movimento da poesia marginal e da Geração Mimeógrafo. Mais do que a musa desse grupo, a poeta foi uma grande criadora. Os versos de Ana Cristina refletem sua intimidade e conseguem contatar o leitor

Intensa e ansiosa por escrever sempre mais, Ana Cristina lançou em vida “A Teus Pés” e “Luvas de Pelica”. Cometeu suicídio aos 31 anos, o que apenas contribui para alimentar o mistério sobre a vida da escritora.

A autora foi a segunda escritora a ser homenageada na Feira Literária Internacional de Paraty.



6. Zilda Arns (1934-2010) - Fundadora da Pastoral da Criança


Nascida em Santa Catarina, Zilda Arns se formou em Medicina, se especializou em Pediatria e também era sanitarista. Era irmã do arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, que se destacou pela sua oposição à ditadura militar.

Foi mãe de cinco filhos e ficou viúva em 1978. Desta maneira, pôde dedicar sua vida aos necessitados através da fundação da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa.

Esta instituição, ligada à Igreja Católica, tinha como objetivo combater a desnutrição infantil, a desigualdade social e a violência.

A Pastoral da Criança orienta as mães ao aleitamento materno, a fazerem o soro caseiro e a multi-mistura. Além disso, ensina noções de higiene e saúde.

A pastoral atua em 43 mil municípios do Brasil e calcula-se que mais de dois milhões de crianças tenham sido beneficiadas pelo seu trabalho.

Zilda Arns faleceu durante o terremoto que devastou o Haiti em 2010.


7. Chica da Silva (1732-1796) - Escrava alforriada



Francisca, nasceu em 1732, no Arraial do Tijuco, hoje Diamantina (MG). Nascida de mãe escrava e um militar português, que as abandonaram e não lhes concedeu alforria. Posteriormente, foi escrava de um médico e com ele teve um filho.

Porém, o contratador João Fernandes (responsável pela compra e venda dos diamantes), compra Chica da Silva e os dois se apaixonam. Para escândalo da sociedade, passam a viver juntos e a liberta. Ambos teriam 13 filhos que foram reconhecidos pelo pai, algo raro na época.

Chica da Silva tornou-se uma senhora poderosa e rica, mas não foi totalmente aceita pela sociedade e jamais pôde entrar em certas igrejas e casas.

Igualmente, teve escravos e se vestia de maneira elegante, usando joias e perucas, para exibir sua riqueza.

João Fernandes voltou para Portugal em 1770 levando consigo seus filhos homens enquanto as mulheres ficaram sob os cuidados da mãe. Morreria nove anos depois sem nunca ter reavisto a companheira.

Por sua parte, Chica da Silva administrou os bens de João Fernandes e assim, garantiu bons casamentos para algumas de suas filhas.


8. Enedina Alves Marques (1913-1981) - Engenheira civil


Se ainda causa estranheza uma mulher seguir a carreira de engenharia, imagine na década de 40. Enedina Alves Marques, nascida em Curitiba, foi professora de matemática. Ingressou na Universidade Federal do Paraná em 1940 e teve que conciliar o trabalho e o estudo.

Foi a primeira negra no Brasil a se formar como engenheira e a primeira a concluir o curso na universidade paranaense.

Seus esforços foram recompensados, pois quando terminou o curso, trabalhou no Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica do Paraná. Igualmente, integrou a equipe de engenheiros que atuou na construção da usina hidrelétrica Capivari-Cachoeira (PR).

Também foi a responsável pela construção da Casa do Estudante Universitário do Paraná e o Colégio Estadual do Paraná, ambos em Curitiba.

Atualmente, o nome de Enedina Alves Marques batiza o Instituto de Mulheres Negras, de Maringá (PR).


9. Raimunda Putani Yawnawá (1980) - Pajé Yawnawá


Raimunda Putani Yawnawá é uma índia que pertence ao povo Yawnawá e nasceu na Terra Indígena do Rio Gregório, no Acre.

Junto com sua irmã, Kátia, foi educada na cultura indígena e dos brancos. Ambas falam o português com facilidade.

Foram as primeiras mulheres da sua tribo a se oferecerem para o duro treinamento de se tornarem pajés. Tiveram que ficar um ano isoladas, comendo alimentos crus e sem beber água, somente um líquido à base de milho.

Desta maneira, puderam fazer o juramento à planta Rarê Muká, considerada sagrada nesta cultura porque abre a mente para o conhecimento e para a cura. As indígenas se tornaram uma espécie de embaixadoras da cultura Yawnawá.

Raimunda Putani recebeu o reconhecimento do Senado brasileiro ao ser distinguida com o Diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz.


10. Carmen Miranda (1909-1955) - Cantora e atriz


Carmen Miranda nasceu em Portugal, mas sua família foi para o Rio de Janeiro quando ela era ainda bebê. Foi criada no bairro da Lapa, onde conviveu com o melhor do samba carioca que se consolidava.

Com a irmã Aurora fez um duo que interpretava marchinhas e sambas no rádio. Carmen Miranda se tornou rapidamente uma cantora popular e os compositores passaram a dedicar-lhe vários temas. Seu primeiro disco vendou 35 mil cópias, um recorde para a época e consagrou a composição "Taí?", de Joubert de Carvalho.

Seu sorriso cativante, a interpretação teatral que dava às letras das canções e sua dicção rápida inauguraram uma nova era para a música brasileira. Além disso, cuidava com esmero das suas roupas e acessórios que a transformariam num ícone da moda.

Com a aproximação dos Estados Unidos e do Brasil, por conta da política de Boa Vizinhança, Carmen Miranda vai para Hollywood, em 1939, gravar filmes e fazer shows.

Emplaca o sucesso “O que é que a baiana tem?” de Dorival Caymmi e torna-se a artista mais bem paga dos Estados Unidos nos anos 40. A partir daí a personagem da “baiana” com seu figurino exótico a marcariam definitivamente.

Por isso, seus críticos não perdoaram sua transformação numa caricatura, onde no Brasil era uma mulher vestida com uma profusão de frutas tropicais e músicos vestidos à moda mexicana.

De todas as maneiras, o público não a esqueceu. Em 1955, quando faleceu, seu enterro no Rio de Janeiro foi uma verdadeira comoção popular que paralisou a cidade.

Sua influência prosseguiu em movimentos culturais como o Tropicalismo e até hoje Carmen Miranda é uma referência do Brasil no exterior.


Fonte: https://www.todamateria.com.br/ por Juliana Bezerra

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