Como o setor cultural valoriza e dá oportunidades a grupos minoritários?
Como o setor cultural valoriza e dá oportunidades a grupos minoritários?
A cultura tem o poder de transformar sociedades e economias. Além disso, o setor cultural vem se mostrando e se tornado um dos mais fortes setores econômicos do país, representando mais de 3,1% do PIB Nacional, dando oportunidade de crescimento para todas as pessoas.
No Brasil, o setor cultural tem se destacado como um espaço de visibilidade e empoderamento para grupos historicamente marginalizados, como pretos, LGBTQIA+ e outras minorias. Pessoas antes que mal conseguiam fazer entrevistas, hoje, podem criar e dar vida às suas próprias ideias, além de poder fazer parte de diferentes produções e equipes. Mas como o setor atua nessa valorização? Existem políticas para isso? Quais são os desafios
O Poder Econômico:
Que o setor cultural brasileiro movimenta bilhões de reais anualmente, gerando empregos e impulsionando a economia local, isso a maioria das pessoas já sabem. Porém, o que não fica claro, é que com apenas uma produção ou intervenção artística, de dezenas a milhões de pessoas são economicamente afetadas, seja direta ou indiretamente (desde artistas até ambulantes e redes de hotéis, restaurantes, etc.)
Com isso, a cultura pode ser uma alternativa para regiões que dependem de atividades econômicas mais tradicionais, como a agricultura e a indústria, como é o caso do Festival de Parintins (Festival esse que move e comove um Estado inteiro). Isso mostra o seu poder econômico.
Ou seja: não importa a raça, crença, sexualidade ou gênero, a Cultura sempre estará aberta para todos… será?
A Valorização e Visibilidade das Minorias:
Desde o começo da humanidade, através da arte, da música e da literatura, as minorias encontram formas de expressar suas identidades e se apresentarem de maneira autêntica, desafiando estereótipos e preconceitos. Além disso, a cultura popular, as manifestações artísticas e as narrativas de grupos minoritários preservam a história e a memória, combatendo o ódio e a invisibilização.
Hoje, no Brasil, a produção cultural contribui para que grupos marginalizados criem uma autoestima coletiva e empoderamento político e social. Além disso, quando se trata de cultura, uma produção pode partir de qualquer pessoa, um incentivo, para qualquer pessoa.
O setor cultural oferece oportunidades de trabalho e renda para pessoas de diferentes origens e classes sociais, contribuindo para a redução das desigualdades. A diversidade de perspectivas e experiências presentes no setor cultural estimulam a inovação e a criação de produtos e serviços mais relevantes e inclusivos, partindo de minoria para a própria minoria, sem a “visão tradicional” e preconceituosa da sociedade.
Como as Minorias Podem Ter Oportunidades?
Para que o setor cultural continue sendo um espaço de empoderamento e inclusão, é necessário implementar políticas públicas que incentivem a participação de grupos minoritários em editais, concursos e programas de fomento à cultura. Desde 2023, com a volta do Ministério da Cultura, diversas políticas de cotas em editais foram implementadas, garantido a participação e a oportunidade para esses projetos.
Além disso, o MinC trabalha firmemente para “legitimar” movimentos e expressões marginalizadas. Reconhecer como patrimônio e valorizar as diversas expressões culturais populares, como o hip hop, o funk e as manifestações afro-brasileiras contribuem para que a grande massa seja atingida, dando mais credibilidade às pessoas que trabalham ou vivem desses movimentos.
As políticas de incentivo à produção cultural de grupos marginalizados contribuem para que todos tenham oportunidades de expressar sua criatividade e de participar da vida cultural. Ao promover a inclusão de grupos marginalizados no setor cultural, essas políticas contribuem para a redução das desigualdades sociais e econômicas.
Os Desafios:
A crescente demanda por mais diversidade e representatividade na cultura impulsiona a busca por soluções inovadoras e eficazes, tendo em vista que a cada dia que passa, não há mais espaço para o preconceito e a falta de representatividade. Porém, ainda sim, artistas e produtores de grupos marginalizados enfrentam dificuldades para construir carreiras sustentáveis no setor cultural, devido à falta de oportunidades e à instabilidade.
No entanto, apesar dos avanços, a implementação dessas políticas ainda enfrenta desafios, como a falta de recursos, o preconceito de alguns setores da sociedade e a necessidade de maior articulação entre governo e sociedade.
Mesmo sendo um setor muito aberto e inclusivo, existem diversos desafios que ainda precisam ser superados. Mesmo com a implementação de cotas, essas são muito poucas e quase nunca utilizadas (mesmo com a produção desses grupos aumentando exponencialmente). Faltam editais específicos, falta a promoção em locais onde os grupos se localizam, falta muita coisa.
Também, a falta de acessibilidade, a discriminação contra artistas LGBTQIA+, que enfrentam dificuldades para encontrar trabalho e para ter suas obras exibidas em espaços públicos, o racismo estrutural e individual, que impede que artistas negros sejam reconhecidos por seu talento e que seus trabalhos sejam valorizados, são fatores que contribuem para a desiguldade e apagamento desses grupos.
O assunto do momento do setor é a descentralização dos recursos culturais. Porém, isso não pode se resumir a regiões. Se faz preciso a construção e a adaptação de espaços culturais para atender às necessidades específicas de grupos marginalizados, como centros culturais negros, LGBTQIA+ e indígenas; A criação de parcerias entre o poder público, instituições culturais e organizações da sociedade civil para a implementação de projetos culturais que promovam a diversidade (como é o caso do Itaú, que criou um edital exclusivo para pessoas LGBTQIA+), e a criação de leis e normas específicas.
Ao enfrentar esses desafios e implementar políticas públicas eficazes, o Brasil pode construir um setor cultural mais justo, democrático e inclusivo, onde todos tenham a oportunidade de expressar sua criatividade e de participar da vida cultural, afinal, sendo um setor econômico, ele tem esse forte poder de atuação. Quando valorizamos e damos oportunidades de crescimento para esses grupos, estamos cada vez mais perto de uma sociedade igualitária e com equidade.
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