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O inusitado olhar artístico de Vik Muniz



Consagrado no Brasil e no Exterior, o ativista social e embaixador da Boa Vontade da Unesco, o paulista Vik Muniz é um dos principais artistas plásticos atuais, autor de obras expostas nas mais prestigiadas instituições de arte do mundo. Ao mesmo tempo em que figura na lista dos cem artistas mais valorizados do planeta, ficou conhecido pela produção da abertura da novela Passione (2010) e da cerimônia dos Jogos Paralímpicos, no Rio de Janeiro (2016).

Apesar de se envolver com complexas questões da arte e da percepção, a produção de Vik tem apelo popular, e o artista ficou conhecido por trabalhos com materiais inusitados, como geleia e sucata. Também atua como embaixador da Boa Vontade da UNESCO, e no engajamento social encontrou a arte em projetos como o que realizou com catadores do enorme aterro localizado no Jardim Gramacho (atualmente fechado), em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. A experiência foi mostrada no documentário Lixo Extraordinário, indicado ao Oscar e premiado no festival de Berlim e no Festival de Sundance.

Principal atração do Canela Foto Workshops, que ocorreu em 2017, em Canela, onde fez uma palestra no Grande Hotel Canela, na qual relembrou sua carreira, que já dura três décadas.

Atualmente, o artista mora e trabalha entre Nova York e Rio de Janeiro, além de estar sempre viajando para montar exposições ao redor do mundo.

Ele enfatiza que, é muito fácil criar uma coisa com apelo erudito. Quanto menos as pessoas entendem, mais fácil é de fazer e sempre dá o exemplo dos Simpsons: “Você pode ter 50 anos ou cinco, você ri. Tem tudo ali, tem uma estrutura em que o pessoal fala de Nietzsche e ao mesmo tempo tem uma coisa básica, e é engraçado para qualquer audiência”.

Vindo de uma família muito humilde, conta que seus pais nunca foram a museu, galeria. Ele começou a descobrir um equilíbrio saudável no que estava fazendo, quando passou a procurar por exposições em outros círculos, fora da galeria. Isso trouxe muita gente para dentro da galeria e do museu para observar seu trabalho.

Falando sobre as releituras que faz de obras-primas, Vik diz que às vezes consegue se expressar de uma forma muito mais interessante e sincera nas cópias, do que em trabalhos que buscam uma originalidade, por que, na cópia, o artista tem uma maneira de se expressar, quase instintiva, orgânica, diferente da pessoa que criou a imagem original. Ele exemplifica que se fosse copiar um desenho de Michelangelo, não ia conseguir copiá-lo com a consciência que o artista tinha do mundo. Esse desenho estaria impregnado de realidade virtual, drone, vídeo, internet, de alguma maneira ele seria diferente. É a chance de criar algo diferente, não necessariamente novo, mas que tem frescor ou a impressão de ser diferente, relacionada à busca de uma experiência autêntica. Segundo Vik, tentar criar uma coisa nova não deve fazer parte da ambição do artista. Ele não abraça a ideia de originalidade, como princípio para fazer arte.

Vik Muniz recorre a materiais inusitados para criar, como: chocolate, açúcar, sucata, poeira, pela simples questão de processo, como ele próprio gosta de contar. O artista busca materiais e formas diferentes, para se expor a experiências diferentes. Ele acredita que se fizesse tudo com lápis e borracha, ficaria preso a uma mesa, fazendo o que todo mundo já fez e tem feito há séculos. Não é à toa que o artista já produziu obras que podiam ser vistas através de um microscópio ou a partir de um helicóptero, feitas de diamante ou de lixo, se expondo a diferentes materiais, levando a experiências inusitadas e, por isso, afirma: “A escolha de materiais não ortodoxos tem a ver com experiências não ortodoxas”.

Vik é autodidata e durante 30 anos, conseguiu acumular uma coleção de mais de 200 mil fotografias de álbuns de família que comprava. A maior parte das coisas que aprendeu sobre fotografia foi observando fotografia vernacular, de álbum de famílias populares. Ele estudou a história do meio, a parte teórica, como profissional, procurou entender da maneira mais técnica e filosófica possível. E as questões mais profundas que conseguiu desenvolver em seu trabalho em relação à fotografia, vieram das fotos comuns que as pessoas tiram, percebendo o desejo, a relação da pessoa com o lugar onde está e o que elas entendem de fotografia. O trabalho de Vik Muniz está muito ligado a essa bagagem do espectador, o que ele traz para dentro, o que espera ver, e como é possível lidar com isso no seu trabalho de releitura e criação artística.

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