A arte liberta
Não é novidade que a arte é a mais genuína expressão da liberdade e é através dela, que muitas transformações vêm ocorrendo em presídios e penitenciárias pelo mundo afora. Um exemplo é o trabalho que vem sendo realizado em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

Expressar sentimentos e conflitos pessoais através da arte tem sido uma possibilidade de trabalhar, de forma terapêutica, a sociabilização de detentos que cumprem pena em medidas de segurança. Cada peça confeccionada representa os anseios e emoções daqueles que, apesar dos transtornos psicológicos, possuem talentos e precisam despertar novos valores para um futuro diferente quando retornarem à sociedade.
O projeto “Um Olhar Além das Grades” é realizado pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (AGEPEN), por meio do Módulo de Saúde do Complexo Penitenciário. Unindo arte e psicologia, o grupo realiza encontros duas vezes por semana no Instituto Penal de Campo Grande (IPCG) e no Estabelecimento Penal “Jair Ferreira de Carvalho” – presídio de segurança máxima da capital.
De acordo com a psicóloga responsável, agente Rozimeire Zeferino, a terapia em grupo desenvolvida com os internos de medidas de segurança e com indicação de psicoterapia existe desde 2015, mas foi incrementada, recentemente com a arte terapia. Segundo a mesma, o objetivo nunca foi formar artistas, e sim, fazer da arte um mecanismo para expressarem seus sentimentos, um pouco das angústias, frustrações e ansiedades que o interno tem, e nesse meio são revelados alguns talentos.
Com experiência e habilidades artísticas, um dos internos confecciona peças em argila e realiza desenhos em grafite. Por meio de técnicas de sombreamento, o reeducando compartilha todo seu conhecimento com o grupo. “Auxilio os outros internos, alguns que têm mais dificuldade e dou uma atenção especial, então aqui acabo exercitando a dedicação com o próximo, mesmo porque, o trabalho artístico não é fácil mesmo, tem que ter atenção e força de vontade”, conta, afirmando que essa é uma oportunidade de interação, mantendo a mente ocupada com o que mais gosta de fazer.
De acordo com a diretora do Módulo de Saúde, desde que a arte terapia foi implantada no grupo, grandes avanços já foram conquistados com os internos, principalmente em relação ao respeito e à disciplina. “Durante o trabalho manual que desenvolvem, os sentimentos deles também são exercitados como a irritabilidade, a ansiedade e a impaciência”, afirma, destacando que o grupo surgiu para quebrar todos os preconceitos e provar que também são capazes de voltar ao convívio social com novos valores e comportamentos.
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