A Cena Musical se Reinventa na Internet
Com a impossibilidade do público frequentar os espaços culturais da cidade, as instituições voltadas a Cultura descobrem na internet um novo espaço, virtual, de aproximar cultura e público.
A área Cultural de Curitiba está parada desde a metade do mês de Março. Eventos grandiosos como o Festival de Teatro como outros eventos culturais que aconteceriam nesses meses tiveram que prorrogar suas datas para o mês de Setembro. Segundo Monica Rischbieter (Diretora do Centro Cultural Teatro Guaíra), o susto foi grande, mas os profissionais envolvidos não devem e não querem ficar de braços cruzados esperando que tudo volte ao normal.
No entanto, nenhum setor da economia sobrevive há 90 dias parado. Com o setor da cultura não é diferente. Uma bailarina ou um músico precisam praticar sempre. A Cultura, de modo geral, precisa de ensaio!
No entanto, mediante a necessidade de se prorrogar o tempo de distanciamento social, a internet se mostrou uma canal de comunicação e entretenimento muito positiva.
Naturalmente, a internet já é um grande espaço de entretenimento, o que realmente mudou foi a necessidade dos setores em se adaptar a esse novo formato. O poder de adaptação do público é enorme e já está comprovado.
Novamente, tomando o Teatro Guaíra como exemplo dessa adaptação para a internet, alguns músicos da Orquestra Sinfônica do Paraná, fizeram uma última reunião para gravar algumas obras do espetáculo Assim Falou Kubrick antes de entrar em isolamento e postaram essa reunião nas redes sociais.
O maestro Stefan Geiger e a cantora Uyara Torrente, gravaram das suas casas, trechos da obra de Villa Lobos "O Trenzinho Caipira" e, postaram nas redes sociais. O sucesso foi surpreendente (com mais de 50 mil visualizações). Essa aceitação acabou motivando a produção de outros espetáculos.
O vídeo de Carinhoso (Pixinguinha) com a participação do ator e cantor Alexandre Nero em homenagem aos profissionais da saúde também foi produzido e transmitido em formato digital e o público pode assistir através dos canais de vídeo da internet.
Para o músico e Mestre em Música pela UFPR João Egashira " ... o que tem acontecido é a intensificação de uma tendência que já vinha se apresentando. A facilidade de acesso a meios de gravação e às plataformas digitais, tudo isso já vinha permitindo certa “democratização” nos meios de divulgação dos trabalhos, e mesmo de fruição por parte do público. A ausência da música nos estádios, teatros e bares fez com que tudo isso se intensificasse neste momento".
Outros movimentos artísticos comemoraram suas datas especiais com eventos veiculados na internet. Como exemplo, podemos citar o balé Teatro Guaíra que, para comemorar seus mais de 50 anos de existência, recriou trechos da coreografia Carmen onde seus bailarinos executaram os movimentos diretamente de suas casas.
Assim como os movimentos artísticos eruditos, durante esses mais de sessenta dias de distanciamento social, pudemos observar que os músicos foram os que conseguiram se adaptar melhor ao ambiente virtual.
Enquanto cantores e cantoras de sucesso usaram as transmissões ao vivo, ou “lives”, através dos canais de TV por assinatura, os pequenos artistas foram para a sacada dos apartamentos, no hall e garagens dos edifícios e também promoveram pocket shows onde o público optava por contribuir ou não com o espetáculo.
O público passou a conviver com um recurso que ganhou popularidade rapidamente, o “QR Code”. Aquele quadradinho no canto da tela (seja do computador ou da TV) por onde a pessoa pode doar, comprar ou ganhar desconto em produtos específicos.
O mundo mudou e as mudanças vieram para ficar. As pessoas estão se adaptando e a tecnologia nunca foi tão importante e tão presente nessa mudança.
Para João Egashira, "... a energia emanada pelo artista no momento único em que a música acontece, além do próprio ambiente físico do local e mais o compartilhamento com outras pessoas na audiência, tudo isso somado faz com que o espetáculo seja uma vivência única e muitas vezes transformadora!
É possível sim, e muito provável, que os hábitos de consumo de música e de arte em geral se modifiquem na pós-pandemia, consumindo-se mais música nos ambientes virtuais. Mas quero acreditar e ser otimista, que o mais breve possível a situação toda se normalize e nos permita com toda a força, voltar a fazer música com a presença das pessoas".
A Vida se reinventa na Arte e a Arte está se reinventando para melhorar nossas vidas. Estamos vivendo uma transformação!!!
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