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O que é cultura do silêncio e como afeta confinados do 'BBB 2021'

Participantes do Big Brother Brasil repetem comportamento de manada com a chamada cultura do silêncio, surgida no pós-guerra.


Os participantes doBig Brother Brasil 21chegaram à edição com o objetivo de cancelar a cultura do cancelamento. No ambiente digital, ela é conhecida por eliminar ou invalidar a voz de quem tenha assumido uma conduta considerada errada pelo grupo hegemônico. Então, a meta era abrir espaço para o diálogo e permitir a aprendizagem baseada em uma análise dos erros. Na terceira semana de 'BBB', o que o telespectador viu foi justamente o contrário: o reinado do cancelamento, que culminou na saída de Lucas Penteado da casa, e a liderança quase que vitalícia da cultura do silêncio.



Karol Conká na cozinha do 'Big Brother Brasil': participante foi autoritária e ordenou que Lucas Penteado não se sentasse à mesa para almoçar.


Diante de falhas e erros, participantes do 'BBB' calaram-se. Enquanto muitos lá dentro perguntam se o Brasil está vendo o que está acontecendo no reality, os telespectadores se perguntavam quase o mesmo perante o tribunal de acusação: 'será que ninguém vai fazer nada?'.


A pesquisadora Carla Furtado, idealizadora do Instituto Felicência e mestre em psicologia, explica que o silêncio diante de situações de bullying e de injustiça – até mesmo dentro de um confinamento – tem a ver com o medo de se manifestar. "É um medo que não necessariamente vem para a consciência. Esse silêncio se estabelece em uma construção do grupo. Todo mundo quer se proteger, ainda mais em uma situação de exposição. A gente precisa ter esse olhar um pouco mais humano para algumas pessoas não terem se manifestado por terem se sentido inseguras do ponto de vista psicológico", justifica Furtado.

A psiquiatra Renata Nayara Figueiredo, que é presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília, aponta que o fenômeno da cultura do silêncio se relaciona com o chamado efeito de manada, em que o indivíduo ou não consegue falar e opta pela omissão ou reproduz uma ação coletiva. "A cultura do silêncio tem muito a ver com o conformismo. E aí a gente vai remeter à psiciologia social, que começou a ser estudada no fim da Segunda Guerra Mundial, após o fim do holocausto. O reality nada mais é do que um cotidiano produzido dentro de uma casa, e nós estamos acostumados com a ideia de que é errado se envolver com histórias que não são nossas. O grande exemplo disso são os casos de agressões de um marido à sua mulher. A gente via o vizinho fazendo isso, mas acabava assistindo calado", ilustra.


Tortura psicológica, assédio moral ou bullying: o que rolou com Lucas no 'BBB'

Nas primeiras festas do BBB21, Lucas Penteado bebeu demais, falou o que não devia, causou conflitos com os participantes e gerou desconforto dentro da casa mais vigiada do Brasil. O ator assumiu o erro, pediu desculpas e tentou se redimir, mas não conseguiu reconquistar a confiança dos colegas de reality. Com tantas acusações, o ex-Malhação não aguentou a pressão e pediu para sair do confinamento. Os telespectadores criticaram a Globo por promover entretenimento em cima de uma tortura psicológica, provocada principalmente por Karol Conká. A cantora chamou o ator de "merda", o fez sair da mesa para que ela pudesse almoçar e até o comparou ao goleiro Bruno (condenado por estrangular a modelo Elisa Samúdio e esquartejar o cadáver dela, enterrado posteriormente sob uma camada de concreto).

Especialistas apontam que Penteado foi, sim, alvo de tortura psicológica no confinamento, mas também elencam outras agressões sofridas pelo ator. "O que houve ali acontece em todos os momentos aqui fora. O bullying é praticado entre pares, onde não há uma diferença hierárquica. Isso acontece em salas de aula, em grupo de pessoas que convivem. A outra questão é uma forma de sofrimento que é o assédio moral. Um chefe, um gestor com seu time, e isso é uma outra coisa que a gente assiste dentro das organizações. No Big Brother, a gente pode classificar a situação como entre pares, ou seja, bullying. O ponto é que diferentemente do ambiente de trabalho ou escolar, Lucas estava em cárcere, sem escapatória e sem uma rede de apoio na casa. Isso gera muito sofrimento no ser humano. Por isso que o Brasil se mobilizou e foi tão empático", analisa Carla Furtado.

"Classificar o que Lucas viveu como tortura psicológica não pode partir do senso comum, mas eu acredito que ele tenha sim sido vítima disso. Ele foi submetido a um processo de sofrimento psicológico. Sofrimento causado por um grupo", acrescenta.


Fonte: Site Terra por Luiza Leão.


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