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As principais ferramentas do ator.


São os seus sentidos: Visão, olfato, tato,audição e gosto. Se os sentidos forem grosseiros a coisa não anda, uma vez que o ator deve desenvolver a sutileza em si mesmo — o sutil. Por isso, ele tem de aprender a trabalhar com o que ele gosta em si mesmo mas também com o que não gosta. Todos os personagens estão dentro de nós de forma latente. Do que ele vai precisar então para fazer esse personagem? De sua própria imaginação? Ele irá buscar dentro de si mesmo esse sentimento para que sua ação seja real. O bom ator saberá usar o sentimento de raiva e ódio que sentiu do mosquito que o perturbou a noite toda em determinado momento de sua vida. Pronto, ali já existe um ponto de partida. Como todo ser humano, deve questionar-se: de onde vim? Quem sou? Para onde vou? O ator deve perguntar sempre sobre seu personagem: o que ele quer? Por quê? Onde? Quando? O quê? Depois dessa investigação e todas as perguntas respondidas ele saberá qual o objetivo que o personagem deseja alcançar naquela determinada situação e na obra toda. Gosto de comparar o ator a um detetive, um grande investigador do seu papel e da obra do autor, para chegar na estreia e poder entregar-se inteiramente a ser o personagem, ou narrar com distanciamento crítico. Até um certo momento dos ensaios o ator investiga, racionaliza, para ter ingredientes que deixem sua intuição aflorar, no segundo momento ele poderá iniciar as ações e começar agir como se fosse o personagem, e finalmente na estreia ele será só intuição e vida. A única pergunta que o ator não deve nunca se fazer é: como fazer? No teatro ocomo fazer é o resultado e não o início, o "como" é o que a plateia recebe. No entanto quando um ator não foi devidamente treinado, e lhe propõem um exercício, a primeira coisa que pensa é: "como vou fazer isso?" E com essa pergunta invariavelmente ele cairá no cliché, no estereótipo. Mas se ele pensar usando a técnica ele logo tentará "sacar" primeiro as circunstâncias em que o personagem se encontra. No como fazer a caracterização do personagem começa de fora para dentro. "Quando digo que a ação — se não se quer que sua reação fique sem vida — deve absorver toda a personalidade do ator, não estou falando de algo «externo», como os gestos ou truques exagerados. Que quero dizer, então? É uma questão que envolve a própria existência da vocação do ator, de uma reação, de sua parte, que lhe permita revelar cada um dos esconderijos da sua personalidade, desde a fonte instintivo-biológica através do canal da consciência e do pensamento, até aquele ápice tão difícil de definir e onde tudo se transforma e dá unidade. Este ato de total desnudamento de um ser transforma-se numa doação do eu que atinge os limites da transgressão das barreiras e do amor. Chamo isso um ato total. Se o ator age dessa maneira, transforma-se numa espécie de provocação para o espectador" (Grotówski, Em busca de um Teatro Pobre). A maior dificuldade do aprendizado de atuar é a de fazer um personagem com que o ator não se identifica — então como se resolve essa questão? Abandonando o personagem ou buscar uma forma de identificação com ele? Busque essa identificação estude seus gestos e atos, assim saberá onde e como chegar a convencer seu público. A ação interior e a ação exterior não podem existir separadamente, elas se processam sempre simultaneamente, mesmo quando uma delas aparentemente está ausente. Como já disse, nosso pensamento é sempre dual, temos dois hemisférios cerebrais, o lóbulo direito que comanda o lado esquerdo do corpo é o lado emocional, o lóbulo esquerdo comanda o lado direito do corpo que é a razão. Dentro estamos sempre em permanente divisão entre emoção e razão: eu quero comer sorvete, mas tenho medo de engordar! Como, ou não como? Pronto, aqui já acontece um clima e se há clima é teatral porque temos uma contradição, portanto há ação. O vazio não pode ser representado, assim como ciúmes, ódio, são sentimentos queresultam de alguma situação. A imobilidade de uma pessoa — ação externa nula — pode estar internamente repleta de sentimentos de ira, revolta, de vingança — ou seja, ação interna intensa.Certamente essa contradição aparecerá na ação física e poderá resultar na queda do copo que estava em suas mãos, provocando com isso uma emoção nova em cena e provavelmente inesperada.

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